Uma combinação de três fatores – a taxa de juros na mínima histórica, a expectativa com a reforma da Previdência e o esforço dos bancos e corretoras para atrair clientes para opções além da velha poupança – levou dois tipos de investimento a atingirem uma marca histórica: tanto a Bolsa quanto o Tesouro Direto alcançaram 1 milhão de poupadores.
Segundo dados da B3, a Bolsa paulista, enquanto o mercado de ações alcançou 1.046.244 de CPFs cadastrados em abril – 63 mil a mais do que em março -, os títulos públicos do governo federal atraíram 1.006.547 de aplicadores pessoa física, ante 949,8 mil no mês anterior.
Apesar de os dados de abril serem um marco para a Bolsa e o Tesouro, a chegada à marca de 1 milhão ainda equivale a uma fração da força da caderneta de poupança, que hoje reúne 117 milhões de clientes no País, de acordo com dados da B3.
A taxa de crescimento dos dois investimentos, no entanto, vem sendo expressiva. No mês passado, a Bolsa e o Tesouro Direto tiveram expansão de 6,4% e 5,9%, respectivamente, seguindo de perto o ritmo de altas visto desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL), em outubro de 2018.
Desde então, o mercado financeiro segue animado com a possibilidade de aprovação de reformas estruturais, como a tributária e a da Previdência, capitaneadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Segundo o diretor de relacionamento da B3, Felipe Paiva, esse direcionamento segue inalterado – apesar das dificuldades de articulação do governo com o Congresso. “Até as eleições, a gente vinha observado um crescimento mensal de 1% a 3% na Bolsa e no Tesouro. Depois disso, o setor pula para 6% a 7% por mês”, afirmou Paiva.
Perfil. A Bolsa também acompanha o perfil de quem opta pelos dois investimentos. Apesar do crescimento, os homens acima de 36 anos continuam a ser dois terços do total de clientes. Os investidores também se concentram na alta renda – mais da metade do total movimentado se concentra nas mãos de uma parcela ínfima dos aplicadores.
Em ações, apenas 1% dos investidores (ou 8,4 mil pessoas ) respondem por 55% do volume aportado, com recursos superiores a R$ 5 milhões cada um.
“Essa dependência de homens ricos é um fenômeno brasileiro. Por muitos anos o mercado vendeu a caderneta de poupança, que serve para financiar o mercado imobiliário. É preciso ter paciência para uma mudança ocorrer”, diz o coordenador da Fipecafi, Valdir Domeneghetti.
O Estado de São Paulo concentra 41% dos investidores brasileiros na B3, seguido pelo Rio de Janeiro, com 13,5%.
Entre os clientes de títulos públicos, 652,7 mil (cerca de 65%) investidores são homens, contra 353,8 mil mulheres (35%). São Paulo também concentra a maior parte dos aplicadores (43,3%), seguido novamente pelo Rio (11,9%).
No perfil econômico, 10% dos investidores, ou 101,8 mil pessoas, respondem por 34% do estoque total de títulos nas mãos das pessoas físicas, que é hoje de R$ 64 bilhões. “Esse investidor tem, em média, de R$ 100 mil a R$ 500 mil em títulos”, afirma Paiva, da B3.
Diversificação. O levantamento da B3 também observou que, o principal desafio de captação de investidores é a informação. “Precisamos tentar diminuir o ‘gap’ de comunicação que causa distanciamento entre as pessoas físicas e os produtos de investimento”, aponta o relatório da B3. “É possível entender que começar a investir com pouco, diversificar logo no início e aplicar além da poupança são pontos imprescindíveis para a jornada do investidor.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Agencia Estado