A combinação de notícias desta sexta-feira (8) pesou sobre o mercado internacional da soja e os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa Chicago fecharam o dia com baixas consideráveis. Os princpais contratos encerram seus negócios perdendo mais de 7 pontos, com o maio abaixo dos US$ 9,00 por bushel, cotado a US$ 8,83.
As poucas mudanças no relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e mais as notícias que continuam mostrando a fragilidade do acordo entre China e EUA pressionaram os preços.
O boletim mensal de oferta e demanda do departamento norte-americano mostrou que os estoques finais norte-americanos de soja seguem muito elevados e ainda na casa de mais de 24 milhões de toneladas.
O total veio em 24,49 milhões de toneladas, contra 24,77 milhões do boletim de fevereiro. O número fica dentro das expectativas do mercado, que variavam de 23,41 e 25,58 milhões de toneladas. A média esperada, porém, era de 24,55 milhões.
O gráfico acima, da especialista Karen Braun, da Reuters Internacional, mostra a diferença gritante dos estoques de soja dos EUA da temproada 2018/19 contra as quatro anteriores.
Da mesma forma, o USDA reduziu para apenas 116,5 milhões de toneladas a safra 2018/19 do Brasil, contra os anteriores 117 milhões e a média esperada de 115,4 milhões, o que também pesou sobre as cotações. A colheita da Argentina foi mantida em 55 milhões.
No quadro global, reduziu a produção para 360,08 milhões de toneladas, mas ampliou os estoques finais mundiais de 106,72 para 107,17 milhões de toneladas.
Ao lado desses números, o mercado recebeu ainda a notícia de que Donald Trump e Xi Jinping não irão mais se encontrar em Mar-a-Lago nos próximos dias 27 ou 28 de março para a assinatura do possível acordo.
Segundo o embaixador dos EUA na China, Terry Branstad, disse não haver, neste momento, datas ainda não estão definidas e líderes das duas maiores economias do mundo seguem negociando.
No entanto, detalhes desse possível acordo entre as duas maiores economias do mundo em importantes pontos ainda estariam tirando o sono de líderes de ambas as delegações, incluindo a retirada das tarifas de importações sobre produtos dos dois países. Especialistas ouvidos pelo The New York Times noticiam que, autoridades chinesas estariam preocupadas com as resoluções finais podendo prejudicá-los.
Mais cedo, foram divulgados dados das importações de soja da China de fevereiro, que foram os menores em quatro anos para o mês. Foram 4,46 milhões de toneladas, esse volume representa uma baixa de 17% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o mercado global da commodity começava a sentir os primeiros efeitos da guerra comercial.
Em relação a janeiro, a queda é de 40%, uma vez que as compras foram de 7,38 milhões de toneladas no primeiro mês de 2019, período em que o consumo é mesmo maior no país em função do feriado do Ano Novo Lunar – o mais longo da China – e quando os esmagadores intensificam sua produção para atender às necessidades do período. O que também justifica, portanto, as menores aquisições em fevereiro, mês do feriado.
“Essa baixa se dá, principalmente, por conta da tarifação que ainda vigora sobre a soja dos EUA”, diz Tian Hao, analista sênior da First Futures, à Reuters Internacional.
Dessa forma, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, “o mercado continua com os dois olhos voltados para as relações EUA x China”.