O clima, neste momento, é apenas um dos fatores de preocupação do produtor americano que está iniciado sua nova safra de grãos. Embora a esta alturas seus insumos já estejam comprados, sua atual situação lhe impede de estar com todas as decisões tomadas, principalmente as que se referem à área de plantio.
Para o especialista norte-americano Michael Cordonnier, Ph.D. agronomia, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em seu reporte do último dia 29, superestimou a área de milho e subestimou a de soja para a temporada 2019/20. O departamento projeta uma redução de 5% na área de soja – para 34,24 milhões de hectares – e um aumento de 4% no milho – para 37,56 milhões.
“Durante o período de levantamento das informações da pesquisa o sentimento geral foi, de fato, mais negativo em relação à soja dada a disputa comercial entre China e EUA. No entanto, diante das atuais condições de plantio no Corn Belt e da continuidade da baixa nos preços do milho não acho que os produtores da Dakota do Norte e da Dakota do Sul irão querer ampliar sua área de milho em 650 mil hectares (1,6 milhão de acres)”, diz Cordonnier.
Assim, suas estimativas para a área de plantio nos EUA são de um aumento de 400 mil a 800 mil de hectares (1 a 2 milhões de acres) para o milho somente, para algo entre 36,42 e 36,83 milhões de hectares (90 e 91 milhões de acres), e uma redução de soja de 800 mil a 1,21 milhão de hectares (2 a 3 milhões de acres) para algo entre 34,8 e 35,21 milhões (86 e 87 milhões de acres).
E o especialista alerta: o clima nos próximos dois meses será determinante para a determinação da área e o que será determinado pelos produtores como áreas de prevented planted (aquelas não semeadas por falta de condições dadas as intempéries climáticas e que permitem o produtor americano conseguir um recurso para se reestabelecer).
“Mas, depois das últimas semanas, acredito que este ano teremos pelo menos 1,62 milhão de hectares de prevent plant. No entanto, o clima no final de março foi um pouco melhor do que o esperado, principalmente no noroeste do Corn Belt. Assim, minha estimativa poderia ficar entre 1,21 e 1,62 milhão de hectares. Pode até ser menor, mas tudo, é claro, vai depender do clima”, diz.
O agrônomo lembra ainda da estimativa de 400 mil hectares alagados pelas enchentes das últimas semanas, com a maior parte destas áreas localizadas ao longo do rio Missouri – que foi um dos mais afetados pelas chuvas intensas e pelo “ciclone bomba” que chegou aos EUA no fim de março. Nessas regiões, os agricultores estão esperando para dar início aos trabalhos de plantio da safra 2019/20.
“Se as chuvas de abril não forem excessivas, algumas dessas áreas podem secar a tempo de serem semeadas, mas não há como garantir. Afinal, muitos diques foram rompidos e, com muitas precipitações, não seria tão difícil essas áreas serem inundadas novamente em abril ou maio”, conclui.
E as previsões seguem mostrando chuvas fortes chegando ao Meio-Oeste americano nas próximas semanas. Pelo menos a primeira quinzena de abril será ainda bastante úmida e com temperatuas abaixo da média.
De acordo com informações do NOAA, outro “ciclone bomba” está se formando sobre o Corn Belt e pode trazer mais chuvas fortes. O mapa a seguir mostra as chuvas previstas para o período de 9 a 16 de abril.