Os novos relatórios do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) serão divulgados somente na sexta-feira, 28 de junho, porém, as especulações já começam e há alguns dias circulam os números que são esperados pelo mercado tanto para a área de plantio da safra 2019/20, quanto para os estoques trimestrais norte-americanos em 1º de junho.
ÁREA DE PLANTIO
Os números da área deverão atrair a maior parte das atenções no final da semana diante de tantos problemas que vêm sendo enfrentados pelos produtores em diversas regiões dos Estados Unidos.
De acordo com a avaliação de especialistas, principalmente os internacionais, a expectativa é de que essa seja a maior área sem plantio da história dos EUA. Muitos agricultores afinal, optaram por destinar parte de sua propriedade ao programa de seguro conhecido como Prevent Plant.
E na última semana, o USDA mudou algumas regras para as culturas de cobertura que tornou essa opção ainda mais atrativa aos produtores.
Milho – Para o milho a redução de área esperada é mais drástica do que para a soja. O excesso de chuva registrado nos últimos meses impediu os trabalhos de campo em diversos e importantes estados produtores, principalmente aqueles mais ao leste do Estado.
Assim, a média esperada pelo mercado para a área do cereal é de 35,07 milhões de hectares, contra a projeção do boletim mensal de oferta e demanda de junho do USDA de 36,34 milhões e da estimativa de março de 37,55 milhões. Há quem espere uma baixa ainda maior.
Soja – No caso da soja se espera uma área de plantio a ser reportada no dia 28 em 34,14 milhões de hectares, enquanto no último dia 10 o USDA trouxe 34,24 milhões e, em março, 34,25 milhões de hectares.
A oleaginosa começa a ser cultivada mais tarde nos Estados Unidos e por isso os agricultores conseguiram mais tempo hábil para os trabalhos de campo – ainda enfrentando muitas dificuldades, alguns tendo de plantar suas sementes na lama e em solos completamente encharcados.
Trigo – Para o trigo norte-americano – incluindo safra de primavera e de inverno – os traders acreditam em uma redução também tímida, de 18,54 milhões de hectares – estimados em junho – para 18,48 milhões. Em março, a projeção era de 18,52 milhões de toneladas.
ESTOQUES TRIMESTRAIS
Entre as estimativas para os estoques trimestrais a maior frente de atenção é a da soja. Os números dos estoques trimestrais americanos em 1º de junho de 2019 podem bater o recorde, que foi registrado na mesma data em 2018, e ficar em 50,65 milhões de toneladas. Há um ano este número era de 33,18 milhões. O intervalo esperado pelo mercado é de 46,27 a 53,4 milhões de toneladas.
Em uma de suas últimas entrevistas ao Notícias Agrícolas, o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, alertou sobre esses números e os impactos que poderiam ter sobre as cotações na Bolsa de Chicago.
“Entre dezembro e fevereiro, de acordo com um termo usado pelo USDA, houve o desaparecimento de 17 milhões de toneladas de soja para que se fechasse a equação dos estoques em 1º de março de 2019. E de fevereiro para cá, com todo esse problema logístico nos EUA, comprometeu o escoamento dos grãos norte-americanos, que ficaram represados em algum lugar ou nas barcaças nos rios ou armazéns. Então, é bem provável que o USDA possa, no boletim dessa próxima sexta-feira, ‘encontrar’ todo esse volume e elevar os estoques finais americanos, muito acima do que o mercado espera, podendo ser um balde de água fria para o mercado, exercendo pressão de baixa sobre os preços”, diz Araújo.
Milho – Para os estoques de milho, a média das projeções é de 135,44 milhões de toneladas, com intervalo entre 131,43e 139,63 milhões de toneladas. Em 1º de junho de 2018 os estoques trimestrais americanos do cereal eram de 134,75 milhões e o recorde, registrado em 1986, foi de 160,84 milhões.