Imagine poder viver em um lugar onde todas as casas são como réplicas dos castelos dos filmes da Disney. Sonho de princesa? Bem, na Turquia, essa era exatamente a proposta do Burj Al Babas, um condomínio de luxo cuja construção foi interrompida em novembro de 2018. O motivo? A empresa faliu.
Tudo começou em 2014. Na época, o Sarot Group, uma empresa de construção, decidiu levantar um empreendimento de alto padrão para os ricaços do país e de outras nações do Oriente Médio. O resort, que iria contar com mansões, piscinas, um shopping e uma mesquita, começou a ser construído em uma região de colinas a 250 quilômetros à leste de Istambul.
Ao todo, o complexo custaria algo em torno dos US$ 200 milhões para construir. As 732 casas são inspiradas nos châteaux: as residências de campo da antiga nobreza francesa, cujos palácios e mansões se tornaram famosos pontos turísticos – e que serviram de clara inspiração para os contos de fadas europeus.
O recanto turco, portanto, era cheio de fachadas ornamentadas e o projeto acrescentou às casas até pequenas torres a. Já o design do interior de cada “chalé” ficaria a gosto do comprador. O preço, de acordo com a Bloomberg, era de US$ 370 mil a US$ 530 mil.
Até o ano passado, 587 mansões tinham começado a ser feitas, e 350 delas já haviam sido adquiridas por compradores do Catar, Bahrein, Kuwait, Emirados Árabes e Arábia Saudita.
Processo de falência
Mas, enquanto construía seu paraíso da imaginação, o Sarot Group acumulou uma dívida de US$ 27 milhões – segundo o presidente da empresa, Mehmet Emin Yerdelen, porque boa parte dos ricaços foram atrasando pagamentos além do combinado, e a grana estava investida em terminar as obras.
De acordo com o jornal Hurriyet, a Sarot entrou na justiça pedindo proteção para negociar a dívida com seus credores – e retomar as vendas de moradias. Bastariam 100 chateaux para tirar a empresa do vermelho, segundo os cálculos otimistas do presidente. Mas a decisão não foi favorável: eles ganharam apenas 3 meses resolver o problema, e não rolou.
A onda de problemas da empreitada também se soma à tremenda má impressão que o condomínio deixou para os moradores dos arredores. Ele chega a ser chamado de “vila grotesca” por alguns. Tudo porque o distrito de Mudurnu já tem seu próprio estilo de construção – a arquitetura por lá é tipicamente otomana. A disputa não é só estética (é claro): mexe no bolso dos moradores. Ser um lugar que preserva a antiga arquitetura do Império Otomano deu a Mudurnu a chance de ser candidata à Patrimônio da Humanidade da UNESCO – o que, naturalmente, atrairia turistas para a região e movimentaria a economia local.
O medo dos moradores de perder sua “essência” otomana (e os dólares de viajantes procurando arquitetura exótica para suas fotos no Instagram) se somou ainda a problemas ambientes. A construtora foi acusada de derrubar árvores ilegamente para a construção do condomínio estilo Disney – e de ter despejado a terra proveniente das obras em áreas florestais.
Apesar dos problemas, o último discurso de Yellen ainda afirmava, com muito otimismo, que tudo pode ser resolvido nos próximos cinco meses, e que em breve as pessoas poderão se mudar para o Burj – que, por ora, parece mais com um cenário de um filme de terror (ou de um parque de diversões mal-assombrado)
Fonte: Mundo Estranho/ Super Interessante