Clima ruim para plantio de milho pode levar produtores para soja nos EUA

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As condições de clima no Meio-Oeste americano continuam preocupando os produtores e provocando especulações no mercado internacional. Embora os efeitos sobre a formação dos preços ainda sejam limitados, em função do período de início de temporada, as projeções de cenários para os futuros tanto da soja, quanto do milho continuam acontecendo.

Além disso, a nova safra norte-americana de grãos começa com a guerra comercial entre China e EUA ainda em curso. As indefinições sobre a demanda da nação asiática, principalmente pela oleaginosa, mantêm os estoques elevados, os preços pressionados e, ao lado das adversidades climáticas, o produtor norte-americano repensando suas decisões.

“O clima e as relações comerciais são os fatores que dominam o sentimento do mercado agora”, diz o analista sênior do portal Farm Futures, Bryce Knorr. E para os próximos dias, as previsões ainda mostram que o cenário climático ainda será desafiador nas principais regiões produtoras dos EUA.

Chuvas EUA 7 dias

Para o intervalo dos próximos 6 a 10 dias, as chuvas também continuam muito fortes em quase todo o Corn Belt. O mapa abaixo, também do NOAA, mostra que as precipitações deverão ficar acima da média em quase todo o cinturão e as condições deverão continuar atrapalhando o desenvolvimento do plantio.

EUA 6 a 10 dias - NOAA

Do mesmo modo, os mapas mostram que no mesmo período traz temperaturas que bem abaixo da média para a época, o que é mais uma preocupação para os produtores. Em muitos estados, os agricultores entraram maio sem ao menos iniciarem o plantio por conta das baixas temperaturas do solo.

EUA 6 a 10 dias - NOAA

Parte dessas condições é que estimula as especulações sobre a possibilidade de uma migração do milho para a soja. Com a janela ideal se encurtando para a semeadura do cereal – motivada entre outros fatores por essas baixas temperaturas do solo – a chance de o agricultor ter de destinar uma parte maior de sua área para a oleaginosa continua crescendo.

“É necessário para as sementes algo entre 10 e 12 graus no solo e agora, com a neve, temos algo entre 6 e 8 graus de temperaturas, e isso é uma outra razão para a demora do plantio aqui. Mas o mais importante é toda essa chuva, os dias estão nublados e isso também não ajuda as temperaturas”, explica Jack Scoville, analista sênior da Price Futures Group.

Ao mesmo tempo, porém, Scoville e mais analistas acreditam que apesar dessa possibilidade há ainda uma outra, de o produtor dos EUA de fato reduzir sua área de soja, buscando os subsídios e ajudas do governo, como com o mecanismo conhecido como Prevent Plant. Afinal, os preços da soja seguem severamente pressionados e cada vez mais próximos de seu ponto de equilíbrio, além de se aproximarem dos custos de produção.

“Depois do dia 10 de maio, a produtividade do milho já começa a ser reduzida com a falta de trabalhos de campo, e assim o prevent planting pode mesmo ser a melhor opção para alguns produtores”, ainda como explica o analista da Price, que cita ainda o peso que os problemas com a demanda da China nos EUA tem sobre as próximas decisões.

A relação entre os preços do milho e da soja também é acompanhada de perto e exige atenção dos produtores, como explica o diretor da ARC Mercosul, Tarso Veloso. “A diferença de preços da soja frente aos de milho está entrando na relação de 2,5 para 1, que é a paridade, e está entrando nesse patamar histórico, o que mostra que a soja está sobrevendida”, diz.

E Veloso alerta para esse acompanhamento dos mapas mais estendidos, que mostram que neste momento as condições esperadas não são as melhores, pelo menos até dia 15. “Se os mapas não mudarem até 20, 22 de maio aí sim as coisas vão mudar. Soja pode continuar caindo se não houver acordo (com a China), mas milho vai subir forte, porque aqui os produtores não querem nem plantar”, explica. “Se não tiver condições, eles não querem nem tentar. Preferem buscar o Prevent Planting do que plantar com clima ruim, colher mal e depois vender mal”, completa o analista, direto de Chicago.

Os últimos meses têm sido, segundo a especialista internacional Karen Braun, os mais úmidos de todos os tempos no Meio-Oeste americano. É um recorde, e o gráfico a seguir, com dados compilados por Karen, mostra o comportamento das anomalias de chuvas se setembro de 2018 a março de 2019.

Anomalias Chuvas EUA

Fonte: Notícias Agrícolas

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