O ritmo dos embarques e envio de soja do Brasil para a China se intensificou de forma bastante expressiva nas últimas semanas e mostra que o país se mantém como a principal origem da oleaginosa para a nação asiática. O lineup dos próximos três meses do Brasil chega a 29 milhões de toneladas e não só a vantagem cambial, mas a qualidade da soja nacional mantém a concentração das compras chinesas no mercado brasileiro.
A imagem abaixo, do sistema Refinitiv Eikon e trazida pela analista da Reuters Internacional Karen Braun, mostra o fluxo de navios carregando soja da América do Sul para a China em 14 de abril deste ano. Na sequência, a imagem traz as condições em 23 de março de 2019.
Fontes: Refinitiv Eikon e Karen Braun
O mês de abril pode registrar um novo recorde de exportações de soja no país, chegando a superar as 12 milhões de toneladas, de acordo com os números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). No acumulado do ano já são mais de 24 milhões de toneladas embarcadas, contra pouco mais de 20 milhões do ano passado, nesse mesmo período.
Enquanto isso, as vendas semanais para exportação dos EUA marcaram, nesta quinta-feira (16), a mínima do ano com apenas 245 mil toneladas da última, enquanto o mercado esperava algo entre 300 mil e 600 mil toneladas. Praticamente não foram registradas vendas para os chineses e o Egito foi o maior comprador dos EUA.
“A notícia maior de demanda do lado da soja nos EUA é de exportação e não demanda interna. Com o real fraco frente ao dólar e também o volume de soja que o Brasil tem, as exportações brasileiras estão tomando espaço no mercado internacional e as americanas, sofrendo mais um pouco”, explica Aaron Edwards, consultor de mercado da Roach Ag Marketing, direto dos EUA ao Notícias Agrícolas.
Números levantados pela ARC Mercosul mostram que a soja brasileira segue mais competitiva se comparado o vencimento junho no Brasil – de US$ 339,60 por tonelada – contra US$ 340,60 no maio dos EUA. Já para o julho no Brasil são US$ 345,20 e o junho nos EUA, US$ 342,20/tonelada.
Assim, além da referência de preço, a conhecida qualidade maior da soja nacional também se destaca e atrai ainda mais compras para o Brasil.
“A soja brasileira segue aquecida por exportação e desvalorização cambial. A China tem reconstruído seus estoques de reserva da oleaginosa, já visando o reaquecimento do consumo no pós-COVID19. Seguindo o fluxo semanal de desembarques em solo chinês, já pode ser projetado que em abril o país asiático importará algo perto de 7 milhões de soja e quase 10 milhões e maio”, explicam os analistas da ARC Mercosul.