O dólar recuava ante o real nesta quarta-feira, um dia após encerrar em seu maior patamar em uma semana, enquanto agentes do mercado se mantinham atentos aos movimentos externos sobre possíveis cortes na taxa de juros nos EUA e aos trabalhos na comissão especial da reforma da Previdência na Câmara.
Às 10:17, o dólar recuava 0,31%, a 3,8409 reais na venda
Na véspera, o dólar encerrou em alta de 0,69%, a 3,8528 reais. Foi o maior nível desde 18 de junho (3,8597 reais) e a maior valorização desde o último dia 14 (1,16%), após o Federal Reserve sinalizar que os juros nos Estados Unidos podem não cair tão rapidamente quanto o esperado.
Neste pregão, o dólar futuro tinha queda de cerca de 0,15%.
Mas as perspectivas de progresso parecem escassas, já que nenhum dos dois lados cedeu depois que as negociações foram interrompidas em maio.
“O mercado está esperando para ver a evolução disso (das negociações), já que é difícil ter uma perspectiva clara do que vai acontecer”, disse Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, afirmou mais cedo que o acordo comercial entre os dois países estava “cerca de 90%” completo.
Mais tarde, Trump disse que vai adotar tarifas adicionais sobre a China se ele não alcançar um acordo comercial com o líder chinês.
Apesar de ter deixado aberta a possibilidade de que os dois líderes possam fechar um acordo para evitar mais tarifas no encontro, o fato de Trump ser um grande defensor de baixas taxas de juros levanta um questionamento sobre suas intenções de chegar a um acordo tão cedo, já que o cenário de conflito com a China favorece a imposição de medidas de afrouxamento monetário, afirmou Camila.
“É uma situação de alta volatilidade. Ele sabe que se mantiver essa disputa com a China, as pressões sobre o Fed aumentarão e as chances dele conseguir o que quer também.”
No cenário doméstico, a retomada dos trabalho na comissão especial da reforma da Previdência se mantinha no radar dos investidores. O presidente do colegiado, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou no dia anterior que o objetivo é encerrar as discussões e proporcionar a leitura de uma complementação ao parecer da proposta.
No entanto, a expectativa é que a votação do texto fique para a próxima semana, já que ainda restam 47 parlamentares inscritos para falar, além das falas regimentais dos líderes, que podem ocorrer a cada reunião, segundo a Agência Câmara.
Ramos afirmou que não haverá grandes prejuízos ao calendário de votação da proposta pelo plenário da Câmara, mesmo que seja aprovado um requerimento de adiamento da discussão. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, minimizou na véspera o eventual atraso na votação da proposta e afirmou que “um dia ou dois” não fariam diferença se pudesse ser construído um acordo que inclua Estados e municípios.
“Existe uma apreensão quanto à agenda por conta da urgência da pauta para a economia doméstica, mas não temos nenhuma sinalização de que a reforma não vai passar e isso é positivo”, disse Camila.
O BC realiza nesta sessão leilão de até 5,05 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de julho, no total de 10,089 bilhões de dólares.
Também nesta quarta-feira, o BC realizará oferta de até 1 bilhão de dólares em leilão de venda de moeda com compromisso de recompra, operação que pode injetar recursos novos no mercado. O acolhimento das propostas do leilão será entre 10h20 e 10h25.