O outono dará lugar ao inverno no Brasil a partir desta sexta-feira (21), às 12h54 (horário de Brasília), e termina apenas no dia 23 de setembro às 04h50. A estação é marcada por um período menos chuvoso em várias partes do país e pelo frio, mas neste ano há atuação do El Niño.
Dados do Instituto Internacional de Pesquisa para Clima e Sociedade, (IRI, na sigla em inglês) ligado ao NOAA, apontam que nos meses de maio, junho e julho a previsão probabilística de orrência do El Niño é de até 80% e depois em junho, julho e agosto passam para cerca de 65%.
“Desde meados da primavera de 2018 até a primeira quinzena de junho/2019, a anomalia de temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial vem apresentando valores acima de 0,5ºC, o que caracteriza um fenômeno El Niño de fraca intensidade”, destaca o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Previsão probabilística do IRI para ocorrência de El Niño ou La Niña. Fonte: IRI
A meteorologia aposta que por conta do fenômeno climático a região Sul deve ter mais chuva, principalmente em julho, além de possibilidade de geada, nevoeiro e até neve. No Sudeste e Centro-Oeste, são esperadas poucas chuvas, um inverno mais quente, mas ainda há chances de geadas e nevoeiro.
No Norte e Nordeste do país, o mês de de julho deve ser bastante chuvoso, principalmente no litoral nordestino e no extremo Norte do Brasil, as precipitações devem seguir pelo menos até julho e agosto.
O padrão de El Niño deve se manter durante o inverno de 2019 e permanecerá ativo até meados do final da primavera de 2019.
Previsão de anomalias de precipitação e temperatura média do ar do modelo estatístico do INMET para o trimestre julho, agosto e setembro/2019 – Fonte: Inmet
O Inmet ressalta que, climatologicamente, o inverno é marcado por ser menos chuvoso no Sudeste, Centro-Oeste e parte do Norte e Nordeste do país, enquanto que o noroeste da região Norte, leste do Nordeste e parte do Sul tendem a ter maiores precipitações.
“Caracteriza-se também, pelas incursões de massas de ar frio, oriundas do sul do continente, que provocam o declínio acentuado das temperaturas média do ar, apresentando valores inferiores a 22ºC sobre a parte leste das regiões Sul e Sudeste do Brasil”, afirma.
A redução das chuvas em grande parte do país nesta época do ano diminui a umidade relativa do ar, segundo o instituto meteorológico brasileiro, o que favorece bastante a incidência de queimadas e incêndios florestais, bem como aumento de doenças respiratórias.
Climatologia de precipitação e temperatura média do ar para o trimestre julho, agosto e setembro. Período de referência: 1981 – 2010 – Fonte: Inmet
No final do inverno, em setembro, em algumas áreas brasileiras, já pode ser iniciado o plantio da soja. No entanto, segundo a meteorologista Graziella Gonçalves, da Climatempo, há uma tendência de que possa ocorrer um atraso das chuvas nesse período em áreas produtoras do Brasil.
“A tendencia é de um viés mais aquecido no Pacífico nesse período. Há o risco de que ocorra um atraso de chuvas para o plantio e outubro também pode ser mais seco. Isso precisa ser acompanhado”, afirma a meteorologista da Climatempo.
Veja a previsão do tempo por região para os meses de julho, agosto e setembro:
Região Norte
A maior quantidade de chuva entre os meses de março a maio de 2019, foi observada sobre a parte central do Amazonas e nordeste do Pará, acumulando valores superiores a 1000 mm no trimestre. Durante a primeira semana de abril ocorreu o primeiro episódio de friagem, causando um declínio acentuado da temperatura sobre o Acre, sudoeste de Rondônia e sul do Amazonas. Já na primeira quinzena de maio e no início de junho ocorreram outros episódios, sendo que nesta friagem do dia 5 de junho, a estação meteorológica do INMET em Vilhena (RO), registrou uma temperatura mínima de 16,3ºC. De modo geral, a previsão climática do INMET indica chuvas variando entre próximo à climatologia a ligeiramente abaixo, com exceção do Acre, noroeste amazonense e sudeste do Pará, onde existe uma tendência das chuvas ficarem acima da média (Figura 3a). A previsão indica que durante os próximos meses de julho a setembro a temperatura média do ar deva permanecer dentro da média a acima, principalmente no sudeste paraense (Figura 3b). Ressalta-se que, as condições de falta de chuvas, alta temperatura e baixa umidade relativa do ar, favorecem a incidência de queimadas e incêndios florestais, muito comuns na metade do inverno e início da primavera. Por outro lado, isto não descarta a ocorrência de eventuais episódios de friagens no Sul desta região.
Região Nordeste
Durante os meses de outono, houve um aumento da nebulosidade sobre a parte norte da região Nordeste, causado pela atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte que receberam acumulados de chuva significativos. Em São Luís, por exemplo, choveu o dobro da média do mês de março, que corresponde a 462 mm. Durante o final de maio e no início de junho, a umidade oriunda do Oceano Atlântico ocasionou chuvas fortes e alagamentos no leste da Região Nordeste, especialmente nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e parte da Bahia. A previsão do modelo estatístico do INMET para a Região Nordeste indica o predomínio de áreas com maior probabilidade de chuvas dentro ou abaixo da climatologia durante esta estação, principalmente sobre a costa leste, onde o período chuvoso aproxima-se do seu final (Figura 3a). Na maior parte do Nordeste, a temperatura permanecerá próxima à média, enquanto que no interior da região inicia-se o período seco e a previsão é de temperaturas ligeiramente mais altas e baixos índices de umidade relativa, principalmente no sul do Piauí e oeste da Bahia (Figura 3b).
Região Centro-Oeste
Na Região Centro-Oeste, as chuvas durante o outono ocorreram principalmente sobre a parte leste do Estado de Goiás, Distrito Federal, sul do Mato Grosso e sudoeste do Mato Grosso do Sul. Podemos citar o mês de abril, como um mês atípico para a capital do País, pois normalmente chove em torno de 133 mm e foi registrado um total de chuva de 320 mm. O ar frio de origem polar provocou um decréscimo mais acentuado da temperatura em parte do Centro-Oeste, durante a segunda quinzena de maio e nos primeiros dias de junho. Além disto, o período seco da região já teve início, portanto, a tendência é de haver diminuição da umidade relativa do ar nos próximos meses, com valores diários que podem ficar abaixo de 30% e picos mínimos abaixo de 20%. Portanto, a previsão para o inverno indica alta probabilidade das chuvas ocorrerem dentro a ligeiramente abaixo da média climatológica em grande parte da região (Figura 3a), acompanhado de temperaturas acima da média (Figura 3b), devido a permanência de massas de ar seco e quente, principalmente nos meses de agosto e setembro, favorecendo a ocorrência de queimadas e incêndios florestais.
Região Sudeste
O avanço de sistemas frontais durante o outono, contribuiu para que as chuvas fossem mais frequentes sobre a faixa leste da Região Sudeste do País. Em algumas cidades as chuvas fortes provocaram alagamentos, causando diversos transtornos à população. Na capital Vitória (ES), onde a média do mês de maio corresponde a 74 mm, choveu mais de 250 mm. Durante a segunda quinzena de maio e primeira de junho, a entrada de massas de ar frio fez as temperaturas mínimas caírem, havendo formação de geada em alguns municípios do sul de Minas Gerais e interior de São Paulo. Em Maria da Fé (MG) e Campos do Jordão (SP) ocorreram geadas moderadas, registrando temperaturas mínimas de 1,6ºC no dia 05 de maio e 2,0ºC no dia 9 de maio, respectivamente (Fonte: INMET). Destaca-se que, assim como na região Centro-Oeste, o trimestre de junho a agosto corresponde ao período mais seco da região, especialmente no norte de Minas Gerais. Deste modo, a previsão do INMET para o inverno na Região Sudeste indica que as chuvas devem permanecer dentro a ligeiramente acima da média, principalmente em setembro no sul de São Paulo (Figura 3a). Já as temperaturas (Figura 3b), devem permanecer acima da média em grande parte da região, podendo haver declínio acentuado de temperatura em locais mais elevados, devido à passagem de massas de ar frio mais continentais.
Região Sul
Durante os meses de março a maio, as chuvas foram acima da média histórica em grande parte do sul do País, em consequência da atuação do fenômeno El Niño, que provoca maior atuação das frentes frias sobre a região, favorecendo a ocorrência de chuvas mais intensas, bem como do aquecimento das águas do Atlântico Subtropical, próximas à costa do Rio Grande do Sul. Durante a segunda quinzena de maio e início de junho, iniciaram-se os primeiros episódios de geadas em regiões serranas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, cuja a intensidade variou de fraca a moderada. O prognóstico do INMET, indica que as chuvas ocorrerão acima da média em grande parte da Região Sul (Figura 3a). A maior frequência das frentes frias contribuirá para maiores variações nas temperaturas ao longo deste trimestre, porém as temperaturas médias devem permanecer acima da média climatológica em toda Região Sul (Figura 3b), exceto na metade sul do Rio Grande do Sul e leste de Santa Catarina, onde o inverno deverá ocorrer dentro da normalidade com temperaturas mínimas podendo atingir valores abaixo de 0ºC em áreas serranas e planalto, principalmente no mês de julho.