Às 3 hs da manhã (horário de Brasília), as commodities mais sensíveis, como a soja e o petroleo, perdiam cerca de 2 % de seus valores, diante do recuo dos investidores. Perto de 7h15, os futuros da oleaginosa perdiam mais de 16 pontos nos principais contratos, com o maio valendo US$ 8,13 por bushel.
No Brasil, operadores e especialistas em derivativos, não deixam dúvidas: os prêmios nos portos terão de subir o suficiente para convencer os produtores a voltarem às vendas. No mais, a decisão óbvia é aguardar.
Com o passar das horas, o que se espera, agora, é o revide da China.
Até a próxima sexta-feira, prazo final dado por Trump para a entrada em vigor das novas tarifas sobre produtos importados da China, a volatilidade será o nome do jogo.
“Por 10 meses, a China tem pago tarifas aos EUA de 25% sobre US$ 50 bilhões de alta tecnologia e 10% sobre US$ 200 bilhões de outras mercadorias”, escreveu Trump no Twitter. “Os 10% vão para 25% na sexta-feira. US$ 325 bilhões de bens adicionais enviados para nós pela China continuam sem impostos, mas serão, em breve, a uma taxa de 25%”.
O jornal O Estado de S. Paulo informa que, após o anúncio do presidente americano, Pequim estaria considerando se retirar das negociações programadas para continuar nesta semana, de acordo com “fontes próximas ao assunto”.
“A China não deve negociar com uma arma apontada para a cabeça”, publica o jornal, segundo suas fontes.
Queda na bolsa chinesa
O índice referencial da Bolsa de Valores de Hong Kong, o Hang Seng, abriu em baixa de 2,44% nesta segunda-feira, 6.
O índice geral da Bolsa de Valores de Xangai, o SSE Composite, abriu com a forte baixa de 3,66%. E a bolsa de Shenzhen, a segunda mais importante da China, caiu 4,95%.
Em Chicago os preços da soja desciam cerca de 17 pontos, aproximando-se perigosamente do piso de 8 dolares o buschel (maio US$ 8 13,25 – queda de 16,25 – e agosto 8 31,25, queda de 17,50), isso por volta das 4 horas da madugada desta segunda-feira. Milho e trigo recuavam no mesmo ritmo, perdas proximas de 2%.
Os mercados financeiros, em polvorosa, entraram em posição vendida. Os hedgers (na posição put), no entanto, lucram intensamente.
O que dizem os especialistas
Daniel Latorraca, diretor do IMEA (Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária):
“Talvez no Brasil possa ter um recuperação do prêmio, mas se se arrastar por muito tempo isso será muito ruim para a próxima safra. Pois caso demorem a chegar a um acordo, e caso isso aconteça mais próximo da colheita deles, para nós sobraria muito pouco contratos futuros. Isso é o que mais me preocupa”, diz Latorraca. Para completar: “A Argentina para mim é a que se encontra na pior situação, pois ela vende farelo no final do dia. Então, com a peste suína, eles perderam mais que nós, que abastecemos as indústrias lá com soja. Está aí o Trump dando uma forcinha a mais no impasse, pois ele tem a oferta nas mãos”.
Félix Schouchana, especialista em derivativos:
“Entendo que se os prêmios subirem na Argentina, subirão também no Brasil. Até agora as iniciativas do Trump com a China só tem beneficiado os brasileiros e argentinos em termos de prêmios da soja. Será que tem muito espaço para os preços caírem mais?”
Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities:
“Não vejo uma confiança no mercado. Os mercados de investimentos (financeiros) ainda apostam na queda dos mercados agrícolas. Em minha opinião, o momento é delicado.De outro lado, temos recebido informações – ainda não confirmadas – que a safra americana está sofrendo com o periodo chuvoso de maior intensidade dos ultimos 125 anos. E nem assim o mercado reage”.
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