A safra de soja 2018/19 do Brasil deve se confirmar como a segunda maior da história, com boas produtividades em áreas de ciclo mais tardio compensando, parcialmente, as fortes perdas advindas da estiagem entre dezembro e janeiro, mostrou uma pesquisa da Reuters nesta sexta-feira.
Conforme a média de estimativas de 12 consultorias e entidades do mercado, o país, o maior exportador global da oleaginosa, deve fechar o ciclo com produção de 115,46 milhões de toneladas.
O volume é inferior apenas ao recorde do ano passado, de 119,3 milhões de toneladas, mas representa incremento de cerca de 1 milhão ante o levantamento anterior, de março. Também indica que a safra deve superar a registrada em 2016/17, que somou cerca de 114 milhões.
A revisão para cima se segue à feita pela própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) neste mês, no primeiro aumento desde dezembro, e incorpora bons rendimentos em regiões onde a soja foi plantada mais tarde, escapando do tempo adverso na virada de ano.
Chuvas regulares na época de plantio levaram o setor como um todo a apostar em uma safra de soja recorde neste ano, acima de 120 milhões de toneladas, até porque a semeadura alcançou históricos 36 milhões de hectares. Mas uma seca acompanhada de altas temperaturas entre dezembro e janeiro jogou por terra essa esperança.
Mato Grosso do Sul e Paraná foram os mais afetados, com este último perdendo o posto de segundo maior produtor de soja para o Rio Grande do Sul neste ano, segundo os últimos dados do governo. Na véspera, o Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Agricultura paranaense, estimou uma quebra de safra de 15 por cento no Estado.
PREÇO SEM REAÇÃO
Com a colheita de soja praticamente finalizada e a segunda safra de milho já dando as caras, produtores brasileiros monitoram os preços da oleaginosa na esperança de fecharem bons negócios. Mas o cenário é turvo.
Na Bolsa de Chicago, o balizador internacional, os futuros já acumulam perdas de mais de 5 por cento em 2019, com o tombo se acentuando neste mês.
E nem a perspectiva de uma solução no impasse comercial envolvendo Estados Unidos e China tende a sustentar os preços por muito tempo.
“Mesmo com um eventual acordo comercial entre China e EUA, o mercado pode ter uma reação pontual, mas talvez não uma mudança estrutural, porque os fundamentos seguirão pesando sobre as cotações”, afirmou o analista Victor Ikeda, do Rabobank, citando como limitadores de alta os amplos estoques norte-americanos, uma grande safra na Argentina e a menor demanda chinesa por causa da peste suína africana.
Recentemente, especialistas e operadores disseram à Reuters que os prêmios para exportação de soja enfraquecidos no Brasil estavam desestimulando a comercialização e, ao mesmo tempo, representando um risco ao armazenamento de milho.
(Por José Roberto Gomes)
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